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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Primeiro dia em Hong Kong: visitando o Templo Chi Lin Nunnery e aprendendo sobre o budismo

Nosso primeiro dia em Hong Kong começava com a agenda cheia de atrações para percorrer. Seria um dia longo, cansativo, mas repleto de novas experiências e sensações. Uma multidão pelas ruas, metade orientais, metade ocidentais. Uma verdadeira babilônia de idiomas para nossos ouvidos. De um lado da rua, um McDonalds, do outro lado, a venda de espetinhos da mais variada culinária chinesa. Olhando para o alto, uma selva de modernos edifícios, mas, escondidos entre eles, belos templos budistas. Tudo junto e misturado, justificando a clássica designação da cidade como o lugar onde o Ocidente encontra o Oriente. Clichê, eu concordo, mas não por isso menos verdadeiro...

Após nossa chegada na noite anterior e nosso primeiro contato com o eficiente, prático e moderno transporte entre o aeroporto e a porta do nosso hotel (dou todos os detalhes sobre como ir do aeroporto ao centro de Hong Kong em outro post), a nossa primeira impressão foi a de estar em um país desenvolvido. Sensação que só aumentou à medida que conhecíamos mais da cidade. Acredito que, caso um dia consiga a independência do restante da China, Hong Kong será um país desenvolvido.

Mas não havíamos enfrentado quase 48 horas de viagem para conhecer apenas a modernidade do Oriente. Queríamos também conhecer mais da cultura de um país tão diferente do nosso. E, assim, escolhemos como primeira atração do dia uma visita a um típico templo budista (o Chi Lin Nunnery) e um passeio por um lindo jardim chinês (o Nan Lian Garden). O jardim se localiza bem em frente ao templo e, embora um pouco afastados do centro, são facilmente acessados pelo metrô. E o melhor: a entrada é gratuita!

O belo Nan Lian Garden



Assim, após uma boa noite de sono e a excelente constatação de que não havíamos sido afetados pelo jet lag (diferente do que aconteceu quando voltamos ao Brasil), deixamos o nosso hotel rumo ao metrô que nos deixaria na estação Diamond Hill, a partir da qual o templo e o jardim são rapidamente acessados (lembre de escolher a saída C2 da estação).

Começamos o passeio pelo belíssimo jardim. Naquele início de manhã, havia ainda pouquíssimos turistas no local, o que tornou o passeio ainda mais agradável. O lugar é repleto de plantas e árvores do país circundando um lago, com pontes típicas chinesas e algumas pequenas construções com aquelas arquitetura clássica da China. Todo o conjunto, além de ser um vislumbre para os olhos, nos dava aquela sensação que buscávamos: a de estar em solo chinês.



















O Templo Chi Lin Nunnery é muito bonito, mas as fotos só são permitidas no pátio central. No interior, elas são proibidas.

Templo Chi Lin Nunnery



























Muitas imagens adornam o lugar. E aqui surgiu minha primeira surpresa: não havia apenas um Buda, mas vários. Eram várias imagens diferentes que me deixaram confuso: havia mais de um Buda? Era um Buda apenas e os outros correspondiam a outras divindades, algo similar aos santos do catolicismo? Por que haviam imagens de um Buda magro e de um Buda gordo?Conclusão óbvia: eu não sabia absolutamente nada sobre a religião budista.

Despertada minha curiosidade, após a viagem li um pouco sobre o tema e descobri algumas coisas interessantes sobre o budismo: a religião se originou uns cinco séculos antes de Cristo, na Índia, em uma região que, nos dias atuais, pertence ao Nepal. Foi lá que nasceu o primeiro Buda (sim, houveram outros), o fundador da religião: Sidarta Gautama. Alvo de uma profecia que o destinava a ser um homem santo, seu pai, rei de um clã, o cercou de riquezas e luxúria durante a sua vida numa tentativa de impedir a concretização da profecia. Mas, sentindo-se vazio e infeliz, o príncipe fugiu da sua vida de luxo e prazeres e, após confrontar a realidade crua dos pobres e enfermos, optou por impor a si próprio uma vida de autoflagelação. Acreditava, na ápoca, que só assim conseguiria alcançar a elevação da mente.

O sofrimento auto-imposto e o jejum prolongado, no entanto, teve o efeito contrário sobre a mente de Sidarta e quase o levou à morte. Foi aí que ele percebeu que a verdadeira harmonia apenas pode ser alcançada com o equilíbrio entre o sofrimento e a luxúria. Surgia um dos conceitos - "o caminho do meio" - que nortearia o início da religião budista. Sidarta ganhou seguidores e espalhou sua doutrina. E essa difusão não encontrou muita resistência. Afinal, seus ensinamentos se baseavam na tolerância. Logo ele percebeu que não faria sentido restringir a religião apenas a homens e a determinadas castas. O budismo tornava-se democrático e, como tal, extremamente, popular. E, assim, difundiu-se pelo Oriente: China, Japão, Coréia. E, em cada local, adquiria particularidades próprias, o que era compatível com seu caráter democrático. E novas divindades locais, novos "seres iluminados" eram reverenciados. E, assim, novos budas surgiram. E, por isso, há tantas imagens diferentes. O buda mais magro seria Sidarta, o primeiro, enquanto os demais seriam divindades locais.

Pelo menos foram essas as conclusões a que cheguei com minhas pesquisas na internet. Não sei se tudo isso corresponde à verdade. Não sei se interpretei corretamente o que li. Se há algum erro em minhas explicações, por favor, as indique nos comentários. Quero aprender mais sobre essa religião, cuja doutrina me fascinou. Achei justa, achei digna, achei bela... uma religião verdadeiramente tolerante? democrática? que atravessou os séculos sem derramar sangue? é isso mesmo?

De qualquer modo, quando lá estivemos, não sabíamos de nada disso. Portanto, apenas observávamos. Em frente às imagens de Buda, muitas oferendas são deixadas, como frutas e flores. Incensos também são deixados acesos (uma prática comum à religião). Em pequenos pedaços de papal retangulares, pedidos são deixados pelos visitantes. Em uma área específica do templo, vimos o final de uma cerimônia religiosa. Cânticos e meditações. Monges budistas passavam por nós. No final da visita, nos deparamos com uma loja com produtos da religião budista. Tudo muito caro! Saí de lá sem entender muita coisa sobre a religião em si, mas já achando belíssimo o templo e as imagens e me sentindo gratificado por ter a chance de estar ali...

Saímos do templo e voltamos para o jardim pela passarela que citei acima, retornando para a estação Diamond Hill. Aqui, há um shopping no qual decidimos entrar em busca de comida. A fome após nosso restrito café da manhã já nos maltratava (nosso hotel não nos dava direito ao mesmo e nossa salvação foi uma padaria próxima ao hotel, mas que não podia ser descrita como farta e barata). Com as energias recarregadas, demos continuidade ao passeio que, ainda naquela manhã, se restringiria à região de Kowloon (explico mais sobre as regiões de interesse da cidade no post sobre como se localizar em Hong Kong).

O destino: os mercados de Hong Kong. Mas aí já é assunto para outro post.


PARA SE PLANEJAR:

1. Nan Lian Garden e Templo Chi Lin Nunnery

Horário de funcionamento: diariamente, das 7 às 21h 
Entrada: gratuita
Como chegar: de metrô (linha vermelha - Tsuen Wan Line -  até a Estação Diamond Hill)
Site oficial (todo em chinês)http://www.chilin.org/


OBS:
1. . Este post não recebeu nenhum tipo de patrocínio


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